RUY SAMPAIO
( Alagoas – Brasil )
Nasceu em Maceió/AL, a 22 de dezembro de 1939.
Estudou no antigo Colégio Diocesano e Colégio Estadual de Alagoas.
Foi redator de programas e locutor da Radio Difusora de Alagoas, tendo servido na Agência do Banco do Brasil em Palmeira dos Índios, até que deslocou para o Rio de Janeiro, onde passou parte de sua adolescência.
Fez crítica de livros e de artes plásticas no “Correio da Manhã”, “O Jornal” e “Tribuna da Imprensa”.
Foi um dos fundadores da revista “Desed”, editada pelo Banco do Brasil. Vinculou-se a um grupo de estudiosos do cinema experimental e dirigiu um grupo de teatro psicofísico que 1973 preparou com sentido de laborátorio de interpretação e criatividade, sob a direção de Trafic e Granados, “Bodas de sangue” de García Lorca”, no Teatro Ipanema, do Rio. Sua experiência de jornalismo em Alagoas foi feita no “Diário de Alagoas”, “Jornal de Alagoas” e Gazeta de Alagoas”.
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[ CAVALCANTI, Valdemar, org. ] 14 POETAS ALAGOANOS . POEMAS ESCOLHIDOS. Maceió: Edição do Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação e Cultura, 1974. 44 p. 14 x 20,5 cm.
Ex. doado pelo livreiro José Jorge Leite de Brito
SONETO JUNGUIANO
E esta tanta loucura que me empresta
este ar que finge esfinge ou mando sândalo
é este ter que guarda-la em mim tão destra
tão tântrica, tão tonta, tão espanto
é o calar-lhe o dialeto de acalantos
ter que murá-la em pedra quando é festa
minha face em seu púbis toda incesto
por seus lunares girassóis de escândalo
Pousa as patas no lírico das horas
sobre o airoso das mais canoras óperas
remascara-se onírico em mistério
Inventa um mar que espraia em minhas iras,
devora as minhas árias e irisado
de lírios de remorso se incinera
SONETO DA INESQUECIDA
O exíguo encantatório deste verbo
e seu tristes cometas são difusos
e em seus verões de encáustica resseca-se
toda uma procissão de deuses mudos
e depostos, na pedra de uns desertos
onde um silêncio igual consome tudo
e o pássaro-memória dos teus mundos.
Há outra carne amante ou dita amante
em que diurnos dissolvo areia e espinho
e em que artesano rosas, pele a pele;
mas meus depostas deuses sabem quanto
é agônico esse véu de frágeis sílabas
e nítido, além dele, teu mistério
SONETO DE MIM
Rearma-se o corcel no claro dia
em fomes de outras roas de acares sumos
e é do meu sangue que germina o espinho
deste rudo centauro e seus veludos
Inatingida a rosa nos espia
gravitando em seus móbiles de susto
toda em secretas veste, ou são sílabas
que esfolhamos no mel de seus redutos?
Repete-se o corcel: são cicatrizes
esses dardos, do tempo, ou são insígnias
da ardente relva dos desassossegos?
Centauro, regalopo em seu nítrido
sobre o dorso dos ventos e dos signos
entregue ao doido rumo dos seus medos
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Página publicada em janeiro de 2022
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